Catharina Sour: Estilo brasileiro ou apenas uma viagem?
Recentemente na Enquete Bob realizada pelo jornalista Roberto Fonseca, com o objetivo de divulgar as melhores cervejas e fatos do setor, um debate se iniciou em torno de um estilo de cerveja que pode vir a ser o primeiro genuinamente brasileiro e reconhecido pelo BJCP (Beer Judge Certification Program): o Catharina Sour.
Estilo criado por cervejarias de Santa Catarina, basicamente pode ser definido como uma cerveja ácida inspirada na alemã Berliner Weisse, mas com adição de frutas, normalmente tropicais.
Até aí, tudo bem. Podemos ter um estilo tupiniquim sem o menor problema. A grande discussão está em torno justamente do estilo base utilizado mas com adição de frutas.
Antes de mais nada, é importante entender o que é o BJCP e como ele define os estilos. É uma organização sem fins lucrativos formada nos Estados Unidos com o objetivo de promover a cultura cervejeira e proporcionar reconhecimento nas habilidades de degustação e avaliação de cervejas.
Para facilitar esse trabalho, criou algumas diretrizes divididas em 34 categorias de estilos de cervejas. Essas categorias são usadas por juízes para julgar os concursos cervejeiros e também servem como base para as cervejarias produzir suas amostras utilizando os parâmetros definidos nestas diretrizes.
Por isso, para os críticos da Catharina Sour, não há nada de novo no estilo brasileiro. Cervejas baseadas em Berliner Weisse com adição de frutas são bem comuns e, tradicionalmente podem se encaixar no estilo “Fruit Beer” (28A), devido à utilização das frutas em sua receita, ou na categoria American Wild Ale, estilo 28B ( Mixed-Fermentation Sour Beer) que leva em consideração qualquer estilo base (IPA, Stout, etc), mas cuja receita seja produzida utilizando algum tipo de processo de acidificação (Kettle Sour, adição de Lactobacillus, Brettanomyces ou outro microorganismo).
O que os críticos não levam em consideração é que, apesar da inspiração, a Catharina Sour possui alguns pontos que se contrapõe ao estilo alemão, se analisarmos os parâmetros do estilo. Em comparação ao estilo alemão, a versão brasileira da sour se difere na intensidade:
A Berliner Weisse possui corpo bem leve e teor alcoólico entre 2,8% e 3,8% ABV (Alcohol By Volume). A Catharina Sour aparece com o corpo de baixo a médio e teor alcoólico entre 4% e 5.5% ABV.
A coloração também varia um pouco, principalmente devido à adição de frutas. Só isso já seria informação suficiente para distinguir as duas versões e tirar a Catharina Sour da categorização 28B.
Mas um outro ponto também chama a atenção: o próprio Gordon Strong, presidente do BJCP, em visita ao Brasil no final do ano passado (2017), teceu alguns comentários sobre o estilo brasileiro. Para ele é exatamente essa sutil diferença que pode diferenciar a Catharina Sour de outros estilos com o mesmo propósito, por exemplo o Flórida Sour, que também leva adição de frutas mas se mantém fiel ao estilo base Berliner Weisse.
Strong acredita na possibilidade de inserir a cerveja brasileira dentro das diretrizes do BJCP, porém no apêndice para estilos locais, isso pelo fato do estilo já se tornar popular no país e estar disponível em diversas cervejarias e distribuído de forma comercial.
No entanto, o especialista pensa que, fora do Brasil, o Catharina Sour poder ser melhor inserido no estilo 28C (Wild Speciality Beer), que é uma versão sour e/ou funky de uma cerveja de frutas, ervas ou especiarias, ou uma cerveja wild envelhecido em madeira. Desse modo se encaixaria bem nessa categoria, sem considerar muitos detalhes que envolvesse cor, teor alcoólico, gravidades, etc.
Mas há ainda uma terceira opinião: a dos sommeliers, cervejeiros e entusiastas que acreditam sim na cerveja como um estilo genuinamente nacional, porém, com críticas ao nome, como se tudo fosse uma questão apenas de bairrismo.
Penso da seguinte forma: A cerveja foi criada e é produzida em sua maioria em Santa Catarina, por que não deveria levar o nome do estado? Quantos estilos de cervejas não levam o nome da região em que foram criados? Kolsh e Pilsen são exemplos clássicos.
Talvez ainda precisemos trilhar um longo caminho para fortalecer a cultura da cerveja brasileira e esse caminho deveria começar pela união entre os formadores de opinião no país. Uma forma de pensar única facilitaria muito no reconhecimento internacional e na criação da escola cervejeira brasileira.
E você? Qual sua opinião? Catharina Sour pode ou não vir a ser o melhor exemplo de um estilo próprio do país?
Estilo criado por cervejarias de Santa Catarina, basicamente pode ser definido como uma cerveja ácida inspirada na alemã Berliner Weisse, mas com adição de frutas, normalmente tropicais.
Até aí, tudo bem. Podemos ter um estilo tupiniquim sem o menor problema. A grande discussão está em torno justamente do estilo base utilizado mas com adição de frutas.
Antes de mais nada, é importante entender o que é o BJCP e como ele define os estilos. É uma organização sem fins lucrativos formada nos Estados Unidos com o objetivo de promover a cultura cervejeira e proporcionar reconhecimento nas habilidades de degustação e avaliação de cervejas.
Para facilitar esse trabalho, criou algumas diretrizes divididas em 34 categorias de estilos de cervejas. Essas categorias são usadas por juízes para julgar os concursos cervejeiros e também servem como base para as cervejarias produzir suas amostras utilizando os parâmetros definidos nestas diretrizes.
Por isso, para os críticos da Catharina Sour, não há nada de novo no estilo brasileiro. Cervejas baseadas em Berliner Weisse com adição de frutas são bem comuns e, tradicionalmente podem se encaixar no estilo “Fruit Beer” (28A), devido à utilização das frutas em sua receita, ou na categoria American Wild Ale, estilo 28B ( Mixed-Fermentation Sour Beer) que leva em consideração qualquer estilo base (IPA, Stout, etc), mas cuja receita seja produzida utilizando algum tipo de processo de acidificação (Kettle Sour, adição de Lactobacillus, Brettanomyces ou outro microorganismo).
O que os críticos não levam em consideração é que, apesar da inspiração, a Catharina Sour possui alguns pontos que se contrapõe ao estilo alemão, se analisarmos os parâmetros do estilo. Em comparação ao estilo alemão, a versão brasileira da sour se difere na intensidade:
A Berliner Weisse possui corpo bem leve e teor alcoólico entre 2,8% e 3,8% ABV (Alcohol By Volume). A Catharina Sour aparece com o corpo de baixo a médio e teor alcoólico entre 4% e 5.5% ABV.
A coloração também varia um pouco, principalmente devido à adição de frutas. Só isso já seria informação suficiente para distinguir as duas versões e tirar a Catharina Sour da categorização 28B.
Mas um outro ponto também chama a atenção: o próprio Gordon Strong, presidente do BJCP, em visita ao Brasil no final do ano passado (2017), teceu alguns comentários sobre o estilo brasileiro. Para ele é exatamente essa sutil diferença que pode diferenciar a Catharina Sour de outros estilos com o mesmo propósito, por exemplo o Flórida Sour, que também leva adição de frutas mas se mantém fiel ao estilo base Berliner Weisse.
Strong acredita na possibilidade de inserir a cerveja brasileira dentro das diretrizes do BJCP, porém no apêndice para estilos locais, isso pelo fato do estilo já se tornar popular no país e estar disponível em diversas cervejarias e distribuído de forma comercial.
No entanto, o especialista pensa que, fora do Brasil, o Catharina Sour poder ser melhor inserido no estilo 28C (Wild Speciality Beer), que é uma versão sour e/ou funky de uma cerveja de frutas, ervas ou especiarias, ou uma cerveja wild envelhecido em madeira. Desse modo se encaixaria bem nessa categoria, sem considerar muitos detalhes que envolvesse cor, teor alcoólico, gravidades, etc.
Mas há ainda uma terceira opinião: a dos sommeliers, cervejeiros e entusiastas que acreditam sim na cerveja como um estilo genuinamente nacional, porém, com críticas ao nome, como se tudo fosse uma questão apenas de bairrismo.
Penso da seguinte forma: A cerveja foi criada e é produzida em sua maioria em Santa Catarina, por que não deveria levar o nome do estado? Quantos estilos de cervejas não levam o nome da região em que foram criados? Kolsh e Pilsen são exemplos clássicos.
Talvez ainda precisemos trilhar um longo caminho para fortalecer a cultura da cerveja brasileira e esse caminho deveria começar pela união entre os formadores de opinião no país. Uma forma de pensar única facilitaria muito no reconhecimento internacional e na criação da escola cervejeira brasileira.
E você? Qual sua opinião? Catharina Sour pode ou não vir a ser o melhor exemplo de um estilo próprio do país?
Comentários
Postar um comentário